sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Filme Sociedade dos Poetas Mortos


Sem sombra de dúvidas é um dos meus prediletos. Ao lado de Cinema Paradiso, Rastros de ódio, Forrest Gump, O céu de outubro, entre outros.

O filme conta a história de um professor de literatura inglesa que impressiona seus alunos com seu jeito peculiar de conduzir suas aulas. O professor, interpretado pelo sempre fantástico Robin Willians, usa e abusa de poesia, como Whitman, Thoreau entre outros.

Logo no início, sua aparição para os alunos é fantástica. Ele entra na sala, por uma porta e sai pela outra. Os alunos se entreolham e não entendem. O professor reaparece e diz. "Vocês não vem?".

O aparecimento para os alunos, é uma aparição da "nova" escola, outra amaneira de ensinar, confrontando com a velha escola que se apoia no tradicional, em punições (as vezes corporais). Não que seja errado, mas o exagero do tradicional mostra que talvez seja hora de mudanças.

John Keating, o professor impressiona os alunos e os faz começar a pensar por si só e a perseguir as suas paixões individuais e tornar as suas vidas extraordinárias. Não quero discutir o mérito nisso, se é certo se é errado. Isso fica a critério de cada. Cabe aqui descrever de forma sucinta, o que foi mostrado no filme.



Voltando na sua primeira aparição, o professor se apresenta e diz seu nome, John Keating, porém olha para seus alunos e diz "aos mais audaciosos, me chamem de capitão, em alusão ao poema de Walt Whitman "Ó capitão! Meu capitão! ", dirigida a Abraham Lincoln, que coloco aqui:



Oh Captain, my Captain por Walt Withman 

Ó capitão! Meu capitão! terminou a nossa terrível viagem,
O navio resistiu a todas as tormentas, o prêmio que
buscávamos está ganho,
O porto está próximo, ouço os sinos,
toda a gente está exultante,
Enquanto segue com os olhos a firme quilha, o ameaçador e
temerário navio;
Mas, oh coração! coração! coração!
Oh as gotas vermelhas e sangrentas,
Onde no convés o meu capitão jaz,
Tombado, frio e morto.

Ó capitão! meu capitão! ergue-te e ouve os sinos;
Ergue-te – a bandeira agita-se por ti, o cornetim vibra por ti;
Para ti ramos de flores e grinaldas guarnecidas com fitas –
para ti as multidões nas praias,
Chamam por ti, as massas, agitam-se, os seus rostos ansiosos voltam-se;
Aqui capitão! querido pai!
Passo o braço por baixo da tua cabeça!
Não passa de um sonho que, no convés,
Tenhas tombado frio e morto.

O meu capitão não responde, os seus lábios estão pálidos e imóveis,
O meu pai não sente o meu braço, não tem pulso nem vontade,
O navio ancorou são e salvo, a viagem terminou e está concluída,
O navio vitorioso chega da terrível viagem com o objetivo ganho:
Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!
Mas eu com um passo desolado,
Caminho no convés onde jaz o meu capitão,
Tombado, frio e morto

Walt Withman
Mais adiante, usa e abusa do Carpe Diem, citando o poema " Para as virgens que aproveitem o tempo" que eu coloco integralmente:

PARA AS VIRGENS, QUE APROVEITEM O TEMPO

Colham botões de rosas enquanto podem,
o velho Tempo continua voando:
E essa mesma flor que hoje lhes sorri,
Amanhã estará expirando.

O glorioso sol, lume do céu,
Quanto mais alto eleva-se a brilhar,
Mais cedo encerrará sua jornada,
E mais perto estará de se apagar.

Melhor idade não há que a primeira,
Quando a juventude e o sangue pulsam quentes;
Mas quando passa, piores são os tempos
Que se sucedem e se arrastam inclementes.

Por isso, sem recato, usem o tempo,
E enquanto podem, vivam a festejar,
Pois depois de haver perdido os áureos anos,
Terão o tempo inteiro para repousar.

Robert Herrick
(1591 - 1674)


Logo após vem do diálogo no filme:

Apanha logo os seus botões de rosa... Por quê ele usou esses versos? Porque tem pressa? Não! A resposta é simples... porque somos alimentos para os vermes, meus caros... Acreditem ou não, todos nós nesta vida um dia vai deixar de respirar, vamos ficar frios e morrer...

Queria que se aproximassem e que examinassem alguns rostos do passado... Vocês já passaram por eles muitas vezes, mas quase nunca chegaram a olhar direito. Eles não são diferentes de você. O mesmo cabelo, cheios de hormônios, como vocês... Invencíveis, como vocês se sentem. O mundo é deles. Eles acham que estão destinados a grandes coisas, como muitos de vocês. Os olhos estão cheios de esperança, como os de vocês. Será que esperaram até tarde demais para fazer de suas vidas um décimo do que eram capazes? Porque, cavalheiros, agora eles estão mortos e enterrados, viraram fertilizante.

Mas se escutarem bem, se vocês se aproximassem melhor, ouvirão o legado deles para vocês... Aproximem-se, escutem... Estão ouvindo? Carpe... Carpe... Carpe Diem... Aproveitem o dia, rapazes... tornem suas vidas extraordinárias...


Mais um poema de Walt Whitman:

Oh eu! Oh vida!
Oh eu! Oh vida! repleta de perguntas repetidas,
De intermináveis filas dos incrédulos,
Das cidades cheias de tolos,
Eu mesmo eternamente envergonhado de mim mesmo (pois quem mais tolo do que eu e mais infiel?)
De olhos que inutilmente desejam a luz,
de objetos insignificantes,
da luta sempre renovada,
Dos pobres resultados de todos,
da multidão laboriosa e sórdida que sinto à minha volta,
Anos vazios e invisíveis para os que restam,
com o que resta de mim entrelaçado,

A pergunta,
Oh eu! tão triste, ainda insisto -
O que vale a pena nisso tudo?
Oh, eu, oh, vida?

 Resposta
Que você está aqui - que existem vida e identidade,
Que a poderosa peça continua, e você pode contribuir com um verso.

(eu pergunto a Você: qual será o seu verso?)

E claro não poderia terminar sem Henry David Thoureau, com um trecho de seu livro Walden ou a vida nos bosques que era a abertura da sessão na sociedade dos poetas mortos:



"Eu fui à floresta porque queria viver deliberadamente. Queria viver profundamente e sugar toda a essência da vida. Acabar com tudo o que não fosse vida. Para que, quando a minha morte chegasse, eu não descobrisse que não vivi.".

Henry David Thoreau

 Abraço a todos


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