Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
(Geraldo Vandré)
Composição: Geraldo Vandré
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(4x)
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(4x)
Esta composição de Geraldo
Vandré talvez seja a música símbolo da resistência à ditadura no Brasil, já
possuindo enorme valor simbólico na cultura brasileira. Produzida em uma fase
de endurecimento do regime militar, seus versos incitam a população a resistir,
quase de forma heróica, e a lutar para derrubar os militares do poder,
exaltando a força da sociedade civil. A música começa com uma afirmação de
igualdade entre os brasileiros (importante lembrar que na época a desigualdade
social crescia e que parte da sociedade, especialmente a que vivia no interior,
pouco ou nada sabia da situação política real). E partindo desse princípio o
autor convoca a população a “seguir a canção”, ou seja, a lutar contra o regime
e avançar politicamente, garantindo direitos iguais para pessoas que são, por
princípios, iguais. É importante observar que o autor quer garantir direitos
mesmo àqueles que não se opuseram até então ao regime por quaisquer motivos.
Para o compositor, não há
tempo há perder: a população tem de agir. Para ele, esperar é um mau sinal e
vai contra o princípio de participação das massas, especialmente considerando
os abusos cometidos a todo instante naquela época. (“Vem, vamos embora,
que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”). Este
trecho é repetido muitas vezes ao longo da música, é a principal mensagem do
compositor para seu público.
Na estrofe seguinte,
Geraldo Vandré fala sobre os contrastes sociais do Brasil (“Pelos campos
há fome em grandes plantações”). Mesmo com terra sobrando e comida sendo
produzida, nossa produção vai para o exterior e os brasileiros passam fome.
Logo depois, Vandré faz referência à "geração Paz e Amor" dos anos
60, que ficou conhecida por manifestações pacíficas pedindo mudanças sociais em
todo o mundo, sendo um grande movimento cultural. Os versos são “Pelas
ruas marchando indecisos cordões/ Ainda fazem da flor seu mais forte refrão/ E
acreditam nas flores vencendo o canhão”. Em “Há soldados armados, amados
ou não/ Quase todos perdidos de armas na mão/ Nos quartéis lhes ensinam uma
antiga lição/ De morrer pela pátria ou viver sem razão”, o autor fala sobre os
militares, mas de um jeito diferente das outras músicas do período: ele os
humaniza e não deposita a culpa total por agirem como agiam. O autor coloca que
há um motivo por trás, que os soldados foram doutrinados a agir daquele jeito
Em “Nas escolas, nas
ruas, campos, construções/ Somos todos soldados, armados ou não/ Caminhando e
cantando e seguindo a canção/ Somos todos iguais braços dados ou não/ Os amores
na mente, as flores no chão/ A certeza na frente, a história na mão/ Caminhando
e cantando e seguindo a canção/ Aprendendo e ensinando uma nova
lição”, Vandré também classifica a população como “soldados” pois também lutam por uma causa. E não
classifica somente a parcela da população que fez resistência armada, também
exalta aqueles que nada fizeram diretamente para acabar com a ditadura. Estes
merecem ser chamados de soldados pois estão no mesmo time, pois estes também
serão beneficiados com a queda dos militares. Assim, ele reafirma a tese de que
todos são iguais.
Geraldo Vandré escreveu
essa música em 1968, em meio ao auge da ditadura militar brasileira. O sucesso
da canção que incitava o povo à resistência levou os militares a proibi-la,
usando como pretexto a "ofensa" à instituição contida nos versos "Há
soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos
quartéis lhes ensinam uma antiga lição / de morrer pela pátria e viver sem
razão". A melodia da canção tem
o ritmo de um hino, e sua letra possui
versos de rima fácil (quase todos
em ão), que facilitam memorizá-la, logo era cantada nas ruas. Com sua
letra, Vandré fez uma síntese de sua geração, retratando a angustia da
população perante o regime.
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